quinta-feira, 26 de maio de 2011

O CARA DE PAU DO PALOCCI TENTA "SE EXPLICAR" COM SEUS ASSECLAS...

Palocci se explica a petistas e critica oposição, dizem senadores

FOLHA SP


Sem revelar detalhes sobre o faturamento de sua empresa e nem dizer quem foram seus clientes, o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) falou nesta quinta-feira (26) com senadores da bancada do PT.
Segundo o senador Wellington Dias (PT-PI), Palocci atribuiu à oposição o vazamento das denúncias --em especial "tucanos" que estão em São Paulo. "Estão buscando fazer um terceiro turno desse episódio. É o PSDB que está por trás disso, sem a preocupação dos danos que isso pode causar", afirmou Dias.
O petista disse ainda que Palocci explicou que cumpriu a "quarentena" ao deixar o governo, sem desrespeitar a legislação prestando consultoria a empresas privadas. "Ele não pode divulgar o nome das empresas porque tem cláusula de sigilo", afirmou Dias.
Ao final do almoço da presidente Dilma Rousseff com os parlamentares petistas, o ministro pediu a palavra para negar que sua empresa de consultoria, a Projeto, tenha cometido irregularidades que lhe permitiram aumentar em 20 o seu patrimônio.
"Ele falou por mais de 15 minutos por iniciativa dele, explicou todas as coisas. Ele o fará por intermédio da resposta que está dando à Procuradoria Geral da República", disse o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).

Sem revelar as explicações do ministro, Costa disse que toda a bancada saiu "contemplada" com o que foi dito por Palocci. "A mim, como aos demais senadores que lá estiveram, as explicações nos pareceram bastante consistentes."
Humberto Costa disse que, na opinião do senadores do PT, nenhuma das denúncias contra o ministro representam uma "acusação frontal" ou "algo consistente" que comprometa a sua credibilidade.
"Como há um movimento feito pela oposição que é a representação à Procuradoria Geral da República, vamos esperar essa resposta para ver se é convincente ou não. Para o que foi dito a nós aqui hoje, é bastante convincente."
QUEIXAS
No almoço, os petistas reiteraram à presidente queixas em relação à falta de diálogo de Dilma com a base aliada. Costa afirmou que os senadores explicitaram à presidente que é necessário ter um diálogo mais "fácil" com os parlamentares aliados.
"Fizemos ver a presidente que é necessário que tenhamos um acesso mais fácil, que possamos conversar mais com as pessoas do governo que estão à frente desse tema [Código Florestal] e de outros debates também. Em nenhum momento houve qualquer tipo de contraposição a esta ideia", afirmou.
PATRIMÔNIO
Na última semana, A FOLHA SP revelou que Palocci multiplicou por 20 seu patrimônio em quatro anos. Entre 2006 e 2010, passou de R$ 375 mil para cerca de R$ 7,5 milhões.
Ontem, a liderança do PSDB na Câmara levantou suspeitas de que pagamentos feitos pela Receita Federal à incorporadora WTorre, no valor de R$ 9,2 milhões, durante as eleições do ano passado, estejam relacionados ao trabalho de Palocci, e a doações para a campanha presidencial de Dilma Rousseff.
O deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) apresentou à imprensa registros públicos do Siafi (o sistema de acompanhamento de gastos da União) e da Receita Federal que indicariam uma relação entre pagamentos feitos pela Receita à WTorre Properties, um braço do grupo WTorre, e o trabalho do ministro na incorporadora.
No dia 24 de agosto, a WTorre protocolou na Receita um pedido de restituição de Imposto de Renda de pessoa jurídica relativo ao ano de 2008. Na mesma data, a incorporadora fez uma doação de R$ 1 milhão para a campanha presidencial de Dilma --outra parcela de R$ 1 milhão foi depositada à campanha no mês de setembro.
A restituição da Receita ocorreu apenas 44 dias depois do protocolo, no valor de R$ 6,25 milhões. Segundo Francischini, o prazo da devolução é recorde.
Segundo reportagem da FOLHA SP, a WTorre foi uma das clientes da empresa do ministro, a Projeto Consultoria Financeira, que teve um faturamento de R$ 20 milhões somente no ano passado.

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